sábado, 18 de outubro de 2008

BOLHAS,GRAU DE INVESTIMENTO E SUBPRIME, por FONTES


Numa quarta feira, 30 de Abril de 2.008, véspera de feriado a agência de classificação de risco Standard & Poor’s elevou a nota da dívida do Brasil em moeda estrangeira, de BB+ (mais) para BBBB – (menos) isso fez a bovespa disparar pra cima 6,33% atingindo os 68.000 pontos.

Apesar da alegria da elevação do País ao Grau de Investimento, não podemos esquecer de forma nenhuma que numa quinta feira 16 de agosto de 2.007, ou seja, 258 dias atrás ou pouco mais de 8 meses tivemos um sinal muito claro de uma grande crise no setor imobiliário americano, sinal este chamado ou apelidado de Subprime, nessa quinta feira a bolsa teve uma volatilidade muito grande operando no intraday em queda livre e fechando um pouco mais tranqüilo com uma queda de 2,57%.

Ainda não tínhamos visto a crise do Subprime com todo seu poder, até que em 17 de março de 2008 o Mercado financeiro foi chacoalhado com a notícia de que o JP Morgan havia comprado seu rival e concorrente Bear Stearns por US$ 2,00 a ação.

Nesse dia todos os ativos sofreram perdas muito grandes e as ações do Bear Stearns cairam 84%, com a ação cotada a US$ 4,81, sendo que um ano antes valia US$ 147,12.

Depois de muitas criticas o JP Morgan elevou a oferta para US$ 10,00 por ação.
O JP Morgan é do banqueiro John Pierpont Morgan que sempre afirmou que empréstimos são baseados primeiramente no caráter do tomador depois em dinheiro ou propriedades.

Essa venda do Bear foi a solução de apenas um problema, mas o mercado ficou preocupado com outros problemas que poderiam surgir advindos dos não pagamentos dos mutuários dos financiamentos devido a outros players do sistema financeiros.
Depois desse fato, tivemos vários outros em empresas de financiamento hipotecário e outros bancos, até que o governo Norte Americano se sensibiliza e monta um plano de socorro ao sistema financeiro tentando evitar que a falta de liquidez no mercado faça a economia entrar em recessão e pior ainda migrar posteriormente para uma depressão tão profunda quanto a observada em 1929.

O governo dos EUA cria um pacote de US$ 750 bilhões e o Congresso aprova após algumas mudanças, porém o mercado mantém sua desconfiança e continua a queda em todos os ativos do mundo inteiro, no Brasil apareceram problemas em duas empresas, Sadia e Aracruz, pois estavam especulando contra o dólar, operando vendidos na moeda americana há dias, com o aumento rápido que saiu do patamar de R$ 1,56, e bateu próximo de R$ 2,30, isso colocou um prejuízo enorme nas operações e conseqüentemente nos balanços, refletindo nas cotações de suas ações de imediato.
Sadia e Aracruz estavam fortemente posicionadas em derivativos apostando na queda continua do dólar e tudo indica que o operador estava operando sem nenhuma ferramenta de controle de risco.
Todos estão preocupados com o subprime, todavia poucos pararam para pensar o que realmente foi a causa maior dessa bolha das hipotecas ou bolha imobiliária americana.
Vou dar uma visão sobre o que vinha acontecendo muito antes dessa bolha e que foi realmente a faísca que deveria ser evitada a todo custo, faísca essa que ascendeu o grande pavio da “bomba” subprime.
Por volta de 2000 e 2001 as ações de empresas de tecnologia e Internet que vinham em forte alta deram sinais de esgotamento e fraqueza e iniciaram uma tendência muito clara de queda, aliado a isso em 11 de setembro de 2001, os atentados terroristas mostraram que a economia americana poderia ter problemas mais sérios.

Vendo a possibilidade de uma recessão se instalar no País, o governo decide iniciar uma estratégia de redução na taxa básica de juros, essas reduções totalizariam um corte de 4,25% em apenas 12 meses, sabemos que no curto prazo essa é a melhor estratégia para reduzir ou evitar recessão, porém, olhando o longo prazo tal facilidade de empréstimos a taxas de juros baixas fez com que os bancos não selecionassem com critérios as pessoas e ou empresas para quem os créditos seriam concedidos, desencadeando a festa dos títulos hipotecários, trazendo a tona uma nova bolha americana chamada subprime.

Fica claro então que as providências tomadas pelo FED em 2001 foram corretas, porém, os órgãos fiscalizadores falharam e o que seria remédio para uma bolha (da Internet), na realidade se transformou em causa de outra bolha (imobiliária).

Autor:
Francisco de Assis Fontes é economista, consultor financeiro, ministra treinamento de Matemática financeira com HP12C ,é membro da ONGCTA consultant, trader and adviser, sendo conhecido em fóruns sobre o mercado financeiro através do Nick Fontes.
diassistrader@terra.com.br

4 comentários:

Reinaldo Baron disse...

Ray, vale ver o video:
http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL803584-9356,00-INVESTIDORES+CONTAM+O+QUE+APRENDERAM+COM+A+CRISE+NA+BOVESPA.html

Abs

Rosângela Oliveira disse...

Amigo Fontes.

Excelente

Parabéns

Bjo

Unknown disse...

Excelente explicação!! Agora até eu entendí.

Anônimo disse...

Parabens Fontes,

muito bacana mesmo!

100%

Abração a todos!