Duas cabeças, dois destinos: uma fábula da bolsa PARTE 1

Faz uns mêses ,num jantar na casa de uma amiga ,conheci, separadamente dois investidores da bolsa de valores.

Na época até pensei em escrever um post sobre aquelas duas pessoas que tinham meios e fins tão diferentes para aplicar suas economias.

Acabei não fazendo ,principalmente pela forma em que aquela noite terminou.

Curiosamente reencontrei uma delas, na noite passada, na casa da mesma amiga que temos em comum e aproveitei para me informar sobre oque tinha acontecido com o outro investidor.

A história é real, mas parece uma daquelas fábulas que ouvimos quando crianças.

Mudo os nomes.

O nome dela Maria.

Médica pediátra, bem sucedida,mãe de um filho , separada, linda como a vida.

O nome dele é João.

Funcionário público de carreira, odeia oque faz,mas não tem coragem de mudar nessa altura da vida, bem remunerado, no terceiro casamento e com 4 filhos.

Oque realmente eles tem em comum é o fato de suas economias estarem na bolsa.

E só.

Os resultados que eles obtiveram com o mercado tambem são diametralmente opostos e falo isso na segunda parte do post.

VOLTANDO AO DIA EM QUE OS CONHECI.

Era um pequeno jantar numa casa do Leblon, haviam umas 30 pessoas.

Formou-se uma roda nas cadeiras do jardim, e entre um gole de vinho e outro o assunto rumou para a bolsa de valores.

Não sei quem puxou, nem como nasceu.

No meu círculo íntimo de amigos faço questão de NÃO dizer que tenho um blog sobre o mercado.

Dar opinião sobre como amigos devem aplicar seu dinheiro é pior que vender um carro usado a eles.

Alguns sabem que tenho economias aplicadas na bolsa, mas não sabem do meu grau de envolvimento.

O lucro que poderia ter com alguns deles ,caso entrassem no clube do blog, não vale a aporrinhação.

Já aconteceu até de um amigo me mandar um email recomendando um tal de blog do Ray, dizendo que era muito bom, fiquei na minha.

Voltando ao Jardim do Leblon.

Logo de cara João e Maria tomaram a frente do assunto.

Maria foi dizendo que aprendeu a investir na bolsa com o Pai.

Aprendeu a mensalmente comprar , com o dinheiro que não precisasse ,mais papéis.

Disse que fazia isso desde 2001.

Não importava quanto sobrava ,ela colocava na bolsa, mais precisamente em Petrobras e Bradesco.

Quando falou dos rendimentos que teve, alguns chegaram a duvidar, o espanto foi geral.

Ali intervi, dei números de quanto valiam as ações dessas empresas entre o ano de 2001 e hoje.

O jantar aconteceu no fim do ano passado.

A moda era falar mal da bolsa:

Cassino , manipulação, coisa para irresponsáveis...etc..etc..

Maria em alto e bom som disse:

Eu quero que caia mais.

Estou adiando a reforma do meu apartamento para aumentar minhas compras, já estou fazendo isso.

Os olhares de reprovação em direção de Maria foram constrangedores.

João se meteu e educadamente disse que discordava dela.

Disse que gostava de brincar de curto prazo, que ganhou uma fortuna fazendo isso, mas que "agora estava difícil".

Falou sem papas na lingua dos seus recentes prejuízos e de como em apenas dois mêses tinha devolvido todo o lucro que tinha levado dois anos para conseguir.

Na minha frente, ao vivo, acontecia uma discussão que ocorre quase que diariamente aqui.

Operar curto prazo ou guardar?

Me segurei o quanto pude.

João reconhecia que estava devolvendo todo o seu lucro em apenas 60 dias.

Maria dizia que quanto mais caisse, mas ela iria comprar.

O curioso é que João estava convencendo a platéia : ele estava certo e Maria era uma louca.

O poder da palavra pode ser fatal.

João era falastrão, articulado, engraçado.

Maria era metódica, falava baixo. Sua beleza discreta lembrava , a atriz Kate Bosworth em sua fase morena interpretando Louis Lane.

Ali posso ter me apaixonado, mas essa é outra história.

Minha amiga ,dona da casa, que tambem é minha confidente, via nos meus olhos como estava irritado.

Ela sabe que tenho esse blog.

Sabendo que na vida não virtual gosto de ser Clark Kent ela me provocou.

Perguntou pra mim em estilo provocativo, querendo ver o circo pegar fogo:

Oque você acha disso tudo?

Antes eu preciso lembrar:

Era madrugada.

Muitas garrafas de vinho.

Respondi na lata como se estivesse no chat do blog.Pra que?

Ela vai ficar muito rica e você João, vai perder a casa ,a família e vai acabar vendendo as cuecas.

Continua.....

Cenas dos próximos capítulos:

João parte pra cima do Ray.

Maria fica interessada em Ray.

Ray reencontra Maria.

Ray fica sabendo que João quebrou.

Maria diz para Ray que pagou 20 reais em Petrobras.

Ray faz uma comparação óbvia entre a formiga e a cigarra.