Alguns pensamentos sobre análise técnica parte 1

Acima um analista técnico que só comprava em topo, embarcando para suas férias. No pinel.

Este é o primeiro de uma série de posts sobre análise técnica e de como alguns grafistas a usam equivocadamente, alguns por serem inexperientes, outros por serem incompetentes, outros por serem mal intencionados,outros por serem obrigados por seus superiores a engambelar seus clientes.
Sei que o texto é polêmico, mas quem o escreve é alguem que conhece, modestia a parte, o assunto, e acredita que análise técnica é a única ferramenta capaz de se operar bolsa no curto prazo baseado em algo.
Porém.....

Ninguem vai me convencer que comprar um papel em tendência de alta por 50 reais é mais correto e/ou lucrativo que pagar 45.

Ninguem NUNCA mais vai tentar me convencer que vender um papel em tendência de baixa com suporte nos 20 reais, é mais seguro e lucrativo que vende-lo por 26 ao final de um repique.

Esses analistas que me perdoem(sei que não perdoarão), mas como analistas eles são ótimos teóricos e ponto.

Certos conceitos disseminados pela análise técnica vão contra os princípios basicos da lógica.
Vão contra todos os fundamentos que um ex comerciante como eu utilizou para ser bem sucedido.
Um príncipio simplesinho, que até a minha sobrinha Amanda já sabe no auge dos seus dois aninhos.
Amanda aprende todo dia que que devemos comprar algo pelo menor preço possível(de qualidade é claro) e tentar vende-lo pelo maior preço que que conseguirmos.
O primeiro contato que tive com a análise técnica foi através do Marcio Noronha quando ele ainda trabalhava na ÀGORA corretora.

Parêntese.
Para os leitores do blog que não sabem quem é Márcio Noronha:
Ele é o decâno da análise técnica no Brasil, autor do livro que, na minha opinião, é o melhor de todos sobre o assunto, principalmente para os iniciantes.
Hoje Marcio Noronha é sócio da LINK corretora.
Parênteses encerrado.

Eu nunca tinha visto um gráfico na minha vida.Diariamente num chat que o Márcio fazia na ÀGORA ele fazia recomendações, ás dezenas, da seguinte forma:
PETR4, se fechar acima de 40 podem comprar.
Só havia um pequeno detalhe.
PETR4 naquele momento estava valendo 36 reais.
Isso quer dizer que ele só me "autorizava" a comprar esse papel depois que ele subisse pouco mais de 10%.
Ray, naquela época um neófito, pirava com aquilo.
Ray achava que Marcio Noronha era um mochileiro que viajando no infinito mercado se hospedava em albergues de maionese.
Eu passei a minha vida toda lutando com afinco para comprar meus produtos baratos e alguem, de uma hora para outra, dizia que eu estava errado, que o certo era pagar mais caro.
Eu juro que achei que ele era um maluquete de minério de ferro.

Parêntes de novo leitor, me aguente por favor.
Acabo de perceber que estou começando a falar de mim na terceira pessoa.
Ray isso, Ray aquilo.
Hummmm.
Acho que estou precisando dobrar as minhas sessões de psicanálise.
Estope no parêntese.

Não entendia o Marcio Noronha, aquilo não entrava na minha cabeça.
Curioso que sou, antes de me meter nisso a fundo, passei a estudar as operações que ele recomendava.
A maioria era lucrativa.
Naquela época, 2006/2007 a tendencia da bolsa era fortemente de alta.
Como percebi que havia alguma ciência ali resolvi me aprofundar.
Comecei de forma auto didata, e logo depois fui fazer alguns cursos.
Todos , menos um, péssimos, alguns com viés picareta.

No primeiro curso que fiz pensei que nunca aprenderia como usar gráficos para operar na bolsa.
Em dois dias os estelionatários diziam que os alunos sairiam de lá prontos para operar em qualquer mercado do mundo.
Mentira da brava.
Quem muito promete ,NÃO cumpre.
Neste primeiro curso que fiz, já com alguma base, os que nunca tinham tido contato com os gráficos sairam do curso sem entender nada, e alguns sentindo -se enganados.
Advogados, médicos, ecomomistas, engenheiros e pedreiros(porque não?) ,estudam, trabalham, por anos e anos para tornarem-se profissionais competentes e bem remunerados.

Mas da forma que a indústria dos cursos de análise técnica faz acreditar, seus alunos estariam prontos para enfrentar o mais difícil de todos os mercados de trabalho.
O MERCADO FINANCEIRO.
Isso depois de míseras 12 horas de aula.
E tem gente que acredita, até médicos que passaram oito anos numa faculdade.
Eles acham que é possível aprender a ganhar dinheiro na bolsa num curso que dura um fim de semana.
Penei, perdi dinheiro, investi em "quadros falsos".
Fui fazer um curso de três mêses de Domingo a Domingo.
Com quem?
Com Márcio Noronha.
Meus horizontes se abriram.
Me achei , aprendi muito , gostei.
O professor disse que eu estava pronto para depenar os mercados mundiais.
Márcio Noronha, creio, é uma pessoa correta.
Mas ele estava errado.
Eu sai de lá aculturado é verdade, mas pronto para continuar perdendo dinheiro.
Três mêses?
Ninguem está pronto para nada depois de estudar por apenas três mêses.
Se um estudante de direito no primeiro ano nada sabe, como um advogado que fez uns cursos relâmpagos de análise técnica estaria preparado para alguma coisa.
Hoje há quase três anos do curso eu sequer cheguei na "residência".
Mas estou formado, aprendendo a cada dia ,depois de ver alguns pacientes morrerem na minha frente.
Entendi o conceito de porque comprar uma ação por 40 em vez de 36.
Fiz muito isso, NUMA OUTRA ÉPOCA, e ganhei um monte de dinheiro.
Mas....
Os mercados são mutantes como as nossas vidas.
Eu não sou o mesmo de dez anos atrás, nem você leitor.
Achar que o mercado de hoje é igual ao de 2006 é uma idiotice.
Operar o mercado de hoje da mesma forma que faziamos há poucos anos é a senha para perder dinheiro.
Não adianta querer tratar um mercado único, pelo menos depois de 80 anos, com seu similar de três anos atrás.
Gráficos servem para fazer estudos sobre a história dos preços, e para darem entradas e saídas de operações de curto prazo.
Hoje DISCORDO VEÊMENTEMENTE DO MÁRCIO NORONHA, DOS SEUS MÉTODOS, E DE SEUS DISCIPULOS.
E mostrarei os motivos ,inclusive mostrando gráficos.
Continua amanhã.